A professora Márcia
Na véspera confirmei o encontro. Iria no domingo às dezessete. Pedi que enviasse o endereço e que antes de sair avisaria que estava a caminho. Levaria de presente o Livro “Era uma Vez”, organizado pela Profª Bernardelli e pelo Fábio Godim, no qual publiquei uma historinha e entregaria para minha professora de língua portuguesa, lá da Escola Nelson Pinheiro.
Domingo pela manhã fizemos um programa que a muito não fazíamos. Eu a patroa e as crianças fomos à via morena. A patroa irá dar umas pedaladas, a menininha dar uma “skaitiada” e o filho passear como o pinscher zero, o Dengo. Eu iria acompanhar à pés. Calibrei o pneus, acoplei o “transcaloi” e forrei, com jornais, o porta mala da Eco.
Já havia me preparado, aplicando o bloqueador solar 60 e pego o chapel. O Dengo estava resistente à colocação da coleira, pois a coisa era estranha para ele. Ficou arredio, distribuindo mordida para tudo que é lado, mas nada que uma boa luva de couro não desse jeito. Depois de muito custo meu filho conseguiu afivelar e prendê-lo. A “skaitista” se lembrou do capacete, luva, joelheira e cotoveleira depois que desembarcamos no aeroporto.
A patroa traçou o trajeto e eu e as crianças fomos até a praça da base, onde tem um P47 da segunda guerra. O Dengo se cansou logo. Acho que ele estranhou, pois quase nunca sai para passear, de coleira. A “skaitista” mais correu do que patinou.
Saímos do aeroporto e demos uma passadinha na casa da dona Dina. O Dengo iria se encontrar com a Bela, uma cadelinha da minha sobrinha, muito estressada. Quem sabe este encontro não ajudaria a melhorar sua postura. Quando eles se encontraram, se estranharam. Tiveram que colocá-los em quartos separados.
A nossa caminhada foi até bem próximo da hora do almoço. Como estavam, quase, todos reunidos resolvemos fazer uma carne assada, no forno. Me prontifiquei a temperar uma costela de porco e para quem não gostasse de porco um pedaço de miolo de agulha. Fui, ao meio-dia, no Legal supermercado. Não deu outra, só tinha matambre. Não tinha mais carne de porco. Lembrei-me do Nunes, que fica também na Júlio. Pedi, ao açougueiro, uma costela magra e um pedaço de miolo de agulha.
Durante a semana experimentei fazer um assado no forno. Na véspera havia assistido “Éramos seis” e vi dona Lola colocando no forno um bonito pedaço de carne. Temperei com limão, alho amassado, ervas e tempero sírio. Cobri com papel alumínio e depois de duas horas de forno, tirei o papel para finalizar corando.
Na casa da dona Dina só não tinha tempero sírio. Colocamos para assar às treze a almoçamos às quinze. Teve arroz branco, mandioca, salada de tomate e linguiça.
Estava de encontro marcado para logo mais às dezessete. Segurei na Heineken, mas acho que passei do ponto. Passei um Whats para a professora Márcia e saí do Recanto faltando quinze minutos. Até chegar ao Tarumã. Levei mais de quarenta minutos.
Tive que me guiar pelo GPS. Por lá está tudo mudado. Também, quase não vou para aquelas bandas, mas achei fácil. No muro da casa tem uma placa indicando “professora Márcia”. Cheguei me anunciando e lhe passando o presente. Trouxe também um pacotinho de café Caboclo. Ela me disse, em outros encontros, que não conseguiu largar o cigarro e nem o café. O café eu trouxe.
Pouco falamos sobre o livro. Recordamos nosso passado com nossas ausências. Antes de ser professora no Nelson ela tinha sido professora lá no Tarumã. Para mim Tarumã, naquela época, era um lugar bem distante, para lá da Coophavila II. Do posto Imbiruçu até lá dava cinco quilômetros em linha reta. Não tinha Aero-Rancho, Regional e eteceteras. Ela me disse que descia do ônibus e terminava o trajeto à pés por um trieirinho. A escola tinha uma sala de aula com alunos da primeira e segunda série. Ela trabalhava pela manhã, à tarde ia para o Domingos Gonçalves e à noite para a Fucmat. Ela morava na rua dos Ferroviários. Chegava em casa perto da meia noite.
Trabalhou no Nelson Pinheiro por quatro anos. Em três dos quais foi seu aluno. Quinta, sexta e sétima série. Depois ela foi para o Domingos Gonçalves, onde concentrou suas aulas. Ela foi professora de língua portuguesa, educação artística e Inglês. Está aposentada a mais de vinte anos. Além da aposentadoria tem uma remuneração de publicações no Jornal A Crítica. Se não fosse o bom retorno ficaria só coma a aposentadoria. Ele escreve em dadas especiais, como: dias das mães, dos pais, professores, crianças, Natal e etecetera.
Nessa sua toada ela me confidenciou que quase perdeu a hora, para nosso encontro. Dormiu e quando acordou já era quase cinco horas. Naquele horário nem almoçado tinha. Ela me disse que está dentro da normalidade. Chega de compromisso, me disse sorrindo.
Prometeu que iria ler com carinho. Expliquei que no livro tem quarenta e quatro autores e que eu era apenas mais um. No outro dia ela me ligou dizendo que começou a ler e que estava gostando muito.
Quando cheguei em casa a família estava reunida. Emendaram o almoço com banho de piscina. Só não teve jantar.
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