Um telefonema é muito
Há dias vinha adiando, mas hoje iria ligar para minha prima Leidmar. Também prometi uma visita ao meu tio Algemiro. É só uma questão de organizar. Vou organizar para fazer o mais fácil. Fiquei de buscar uns pacotes de grama cortada para jogar no terreno onde as galinhas estão vivendo, pois só de milho está difícil.
Reparei que esta é a última semana de férias. Como sempre acho que nunca foi o necessário. Me pergunto: o que eu não fiz que ainda posso fazer? Respondi que não fui ao Agua fria tomar leite com café, pingadão, e comer um pão-de-queijo. A 163 parece tão distante, quem sabe se eu achar um lugar mais próximo. A Rejane, a coronel, me falou de uma padaria bem aqui na Florestal da Coophatrabalho. Ela gosta de ir por lá. Domingo passado havia me programado para ir ao Sitio Harmonia, tomar um café pantaneiro, comer um quebra-torto e eteceteras, mas quando fui fazer a reserva não havia mais vagas. Talvez vá no próximo domingo. Está semana tem aniversário da minha sogra e todos os eventos estão voltados para ela. Se iremos à Ponta Porã? Qualquer hora destas.
Quando menos notamos estamos em cima da hora. Às treze e trinta tenho que levar meu filho ao Pilates. São treze horas e ainda não almoçamos. Na sala de espera da Bela Fisio li trechos de “A ordem do dia”. Às quinze fui ao Henry, meu dentista. Quando voltei em casa encontrei seu Raoul Vidraceiro com o serviço terminado. Temos uma porta de correr que estava emperrada. Ele havia dado o diagnóstico do defeito há mais de anos. Como tinha um dinheiro extra, deu preferência ao conserto. Um alívio.
As crianças queriam ir à casa da vó. Avisei a patroa para buscá-las na volta.
Assim que chegaram meu filho me pediu para levá-lo de volta, iria dormir por lá.
Em casa liguei para a Leidmar. Ela mora na chácara Uru, há quinze quilômetro de ri Brilhante. Quando ligo para ela sempre tem notícias de morte de parente. Desta vez falei da morta da Rosalina, segunda esposa do meu tio Pitu, que ela não chegou conhecer. Falei também da morte da Eliane, filha da Zélia, prima de minha mãe, filha da tia Preta, irmão da minha vó. Todas morreram de câncer. Ela, minha prima, perdeu uma filha, também de câncer.
O que mais a gente fala, quando se fala, é da vida dos outros. Ela me perguntou dos meus irmãos. Disse que estavam bem, pela última vez que os vi. Passamos o Ano Novo juntos. Perdemos o hábito de nos falar com mais frequência. Acho que evito ficar ouvindo mentiras. Falamos de outros parentes. Ela esteve na cidade no dia do Natal, mas como veio em um dia e voltou o outro e como a romaria dos parentes foi grande, lá na casa do tio Neirton, ela nem lembro de me avisar.
Queria tanto ir passar um dia por lá.
(Visited 10 times, 1 visits today)