Será que existe alguma relação entre lixo reciclado e o Dia dos Professores?

No meu caso, nesta quarta-feira teve os dois — e com coleta seletiva de emoções. A Solurb passa nas quartas para recolher o reciclável. Eu separo tudo direitinho: papel, vidro, plástico, lata, esperança. Faço isso há anos. Apesar do esforço, sei que nem tudo o que é reciclável acaba sendo reciclado. Parte se perde no caminho, outra parte não tem “bom aproveitamento”. Mesmo assim, insisto. Faço a minha parte — e torço para que o planeta também faça a dele.

E então vem o Dia dos Professores. Acordei pensando no que me aguardava. Professor, no caminho da escola, é um ser que mistura expectativa com café. A gente imagina se vai ter abraço, homenagem, ou só uma aula com alunos sonolentos fingindo entusiasmo. Este ano foi diferente — pelo menos, é o que minha memória seletiva quer acreditar.

Os alunos foram carinhosos, e entre eles, os chamados “Vital”, me desejaram parabéns. Na hora, me senti vitalizado. Ganhei chocolate, claro. E vamos ser honestos: professor gosta de chocolate. É o combustível pedagógico universal. E sim, confesso — aluno que presenteia com chocolate tem as notas naturalmente aquecidas pelo espírito da gratidão.

À tarde, fomos ao concerto da Orquestra Sinfônica. Professor, quando ouve uma orquestra, vê nela a metáfora perfeita: se a escola está afinada com as ações do professor, a música flui. Se não está, é dissonância pura — e nem o maestro salva.

Percebi então que eu também reciclo. Estou há anos na mesma série, mas a cada turma, novos planos, novos jeitos, novos alunos. Papel amarelado não combina comigo. E confesso, sem culpa: a Inteligência Artificial deu um gás na minha reciclagem. Com IA, continuo sendo professor — mas agora com coleta seletiva de ideias. No fim das contas, professor bom é aquele que não se cansa de reaproveitar: recicla o conteúdo, renova o humor e, se sobrar tempo, separa o lixo.