VELHO PROFESSOR
O velho professor em seu lugarejo. Ensina o mesmo ano após anos. Que novidade a Ciência nos traz se até a vida se cansa. Abre o livro e relata capítulo no ensebado enciclopédico. De outra forma os números se resolveriam, de outra forma as palavras se formariam. A história seria outra, mas os escravos foram libertados e mais um dia ele entra em sala e se escraviza. Confere as falas… as de um lugar isolado. Chegaram cedo e se sentaram. Vieram de barco. Querem o que tiver para ser ensinado de um espremido caju chupado que se convence de que o ensino a distância, a dele, compensa. Que contempla o campo pela janela da sala e acha que a boiada sabe mais e pasta, lhe olha e mugi. A ciência, os números, as letras. Queria ele ser professor e largar tudo. Largou São Paulo e veio assumir este concurso, que o aposentará, nesta barranca baforenta de pernilongos e mutucas, depois da reforma. Recebeu um porco e um cacho de banana da terra. Vai ter banha e farofa. Me mate o porco, me frite a banana, pede o velho. Que mais quer ele além da elementar vontade de achar que tudo e simples. Ensina isso, mas eles querem mais. Querem contar e ler. Se pudessem estar, já estariam longe, mas o campo prende assentados e bois soutos. Já faz tempo que a revolução chegou ao campo, mas mais letrados não ficam.
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