CHEGUEI AOS 50(%)
Oliver Alóis
Parafraseando Mario Quintana “Quando se vê passaram cinquenta anos”. Para mim ocorrido no último dia quatro. A propósito um dia para “Independence”. Quero vos dizer ainda que destes cinquenta, o percentual está bem apropriado.
Relacionando o tempo atual com o transcorrido, apesar da intensidade com que tenho exercido minhas atividades, ainda acho falta de tempo, mas eu acho que é para fazer o que queria não o que devo.
Já tive tempo de correr atrás de bola, no campinho de terra batida da avenida América e no da rua José Bonifácio, até não mais conseguir enxergar a bola e então achar que estava na hora de ir para casa. Hoje o ultimo “sacrifício”, a isto relacionado, foi ir a um Comercial X Chapadão lá nas Moreninhas, depois de sei lá quanto tempo.
De fazer e soltar pandorga. A isto se soma a procura por varetas de bambu, recorte de papel de seda, fabricação de cola de trigo, compra de carretéis de linha, rabiola com saco de açúcar cristal, fabricação de cerol, busca por ventos e contemplação daquela “jegueira” tremulando céu acima. Nunca fui de guerrear. Outro dia veio parar no quintal aqui de casa, uma com rabiola e uns bons metro de linha, que recolhi para numa oportunidade próxima soltá-la com as crianças, que eu acho que nunca fizeram isto, acho que nunca tinha visto coisa igual.
De ter a posse de uma bicicleta ou daquela “lacraia” para pedalar por distantes e desconhecidos lugares. Já fui, e voltei, até a CoopHaVila II em tarde ensolarada. Pedalar e chegar cedo na casa do tio Argemiro, lá no Santo Amaro, e de lá sair ao escurecer, em um domingo, para trilhar no caminho de volta as vielas desertas e escuras daquela mata, ao lado do Cemitério, tendo como companheiro o tio, em sua cargueira, e uma máquina, que era um trinta e oito engatilhado e na cintura, para qualquer eventualidade, como dizia aquele “cabo véio da PM”. Hoje não existe mais mata, o tio agora é até meu vizinho e bicicleta… o ladrão fez-me o favor de leva-la.
Ir para uma escola a pés, todos os dias, com tempo o suficiente para encontrar o portão ainda fechado e aguardar do lado de fora junto com outros adiantados, sem nenhum perigo. Ir a educação física no contra turno. Fazer parte da equipe de Handbool e inexplicavelmente trazer uma medalha de bronze nos Jogos da Reme, em 79. Voltar para casa correndo a tempo de assistir “O Sitio”. Depois que passei para o período noturno, o processo de desaceleração acontecia assistindo a “Carga Pesada”. Hoje continuo indo para a escola, não mais a pés, e a pressa do retorno é para render a parada com dona Clarita, que fica com as crianças até quando eu chegar.
Tocar numa banda com ensaios todos os dias, das dezenove às vinte e uma. Apresentar-se garboso nas solenidades da Prefeitura e ao assistir ao noticiário local, na TV, sentia-me importante por ter estado lá ao vivo, bem próximo daquelas autoridades. Depois do ensaio, chegando em casa, eu ainda ligava o rádio para ouvir os solitários locutores e seus minguados e fiéis radiouvintes. Hoje, as vinte e uma hora, sei bem o que quer dizer “que está na hora de criança ir para cama(dormir!)”.
Já fui mais ao cinema. Já sentei mais em boteco. Já joguei sinuca a tarde toda no bilhar São Jorge. Já fui de ir à missa umas cinco vezes nos fins de semana, sem contar as novenas de quarta-feira. Já fui de grupo jovem, puxador de terço, Coordenador de Pastoral e etc. Hoje, a missa de sábado tem dois tempo de quarenta e cinco com intervalo de quinze entre eles além dos acréscimos.
Comprei mesa antecipada para os bailes no União e arrastei o pé até começar a raiar o dia movido a várias rodadas de geladas, todas devolvidas na manhã seguinte na catedral dos bêbados. Hoje os meus pés até doem, mas por outros motivos. Os dias raiam sem ser observados por mim e o bêbado a muito deixou de dobrar os joelhos.
Acho que fritei bem estes meus cinquenta por cento, o resto intensifico de forma escrita. A vinte e três passei a dividi-lo e devo estar satisfeito com a parte que me cabe, à outra parte estou sempre a disposição.
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