A HORA DE PARTIR

A HORA DE PARTIR
Oliver Alóis
A palavra partir, na rica língua portuguesa, se apresenta muito versátil. Ela pode significar uma divisão em partes ou uma distribuição, uma repartição e separação. Em outro contexto, a palavra denota sair, prosseguir, pôr-se a caminho, ir-se, retirar-se, afastar-se, e, ainda lhe restará o sentido, “a partir de”, como um (re)começo.
Empresto estes seus significados e coloco-os a nossa disposição pois por estes dias tivemos que, por forca do inevitável, conviver com uma situação de partida. Seja qual for o significado que esta palavra tenha, ela remete necessariamente a uma análise dos nossos valores, os quais nós nos apegamos.
Quando se tem valores, o partir torna-se um delicado momento. A constituição destes, onera a busca de um pleno viver e daí o peso das renúncias, das dores, das derrotas e das decepções, em uma vida cheia de partidas.
Pessoas com este perfil nos são apresentadas, com elas convivemos e delas usufruímos o passar dos dias. Essas pessoas podem viver uns oitenta e três anos e, ainda assim, nós não aprendemos o suficiente para tornar as partidas menos difíceis.
Uma vivencia pragmática que teve a família como maior valor. Dona de uma grande casa onde nela couberam além de seus entes queridos, os ecos de alegria abafando as tristezas, onde o seu piso alicerçado suportou o balançar de uma bordadeira e os passos compassados dos casais em festa.
Essa pessoa, mulher, esposa, mãe, avó, bisavó, sogra, irmã, tia, madrinha, comadre, amiga, foi por muitos de nós partilhada, mas teve que marcar sua partida, e a nós nos resta a partir de agora reverencia-la em nossas memórias.
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