MASHA E O URSO

Todos os dias ela (Masha) exige atenção e presteza no atendimento de suas solicitações. Independente da hora e do local, se chamou uma vez e não atender vai ter que chamar em um tom mais alto e então vai perceber que o tempo vai ser mais imediato. Ele (o Urso) fazia de tudo, para dar conta das exigências.

Quando ela diz que quer maçã com pera, é porque quer maçã com pera naquele momento! Ele estaria ocupado, mas nada que não pudesse ficar para depois. Correria até a cozinha, abriria a primeira gaveta da geladeira e pegaria uma maçã e uma pera. Cortaria em fatias, retiraria as sementes e colocaria no potinho roxo. Levaria até onde ela estivesse e entregaria em suas mãos. Ela agradeceria e continuaria se balançando tranquilamente na rede da varanda. Ele apenas diria para que tomasse cuidado com o tapete da sala, onde ela se encontrava naquele momento. Quando ela terminava, abandonava a tijelinha roxa sobre a mesa de centro e esqueceria, pois saberia que ele passaria, assim que pudesse, para recolher, levar para a pia e lavar.

Desta vez ela queria um “sanduba”. Ele refutaria em atender, pois estavam próximo do horário do almoço, mas como a promessa era que comeria tudo o que colocassem no prato, foi convencido. Ele tem um coração mole. Sobraria um restinho no prato, mas seria tão pouco que ele relevaria. Diria que os gatinhos iriam agradecer a gentileza. Faria uns sandubas de bisnaguinhas e colocaria na sanduicheira, algo como quatro ou cinco míseros “sandubinhas” teriam o mesmo trabalho. Ela preferiria os de pão francês com manteiga, mas pão francês era só de vez em quando, se contentaria com o que mais tinha, que era pão de forma integral, resultado da alimentação fines da dona da casa.

O resultado era que ela sempre mandou. Em troca a gentileza de sua beleza. Pareciam os personagens do desenho animado. Ele se desdobrando para atender a demanda de peripécias, que os Youtuberes, com seus truques de edição faziam parecer reais, e ela achava tão fáceis de fazer que, por ele já ter feito tanta coisa, conseguiria facilmente, como naqueles vídeos.

Deixando um pouco a telinha, ela exigia umas voltas pedalando pelo bairro. O problema é que por aqui o trânsito de caminhões é intenso. Todo cuidado seria pouco. Ele indicava os caminhos, que pelo que parece eram os mais seguros, mas não os que ela desejaria. Estava disposta a explorar o que parecia ser um submundo daquele lugar. Ele achava perigoso e tentava convencer indicando outros caminhos, como não conseguia, deixava se levar até onde ele achava um limite que achasse seguro. Medo mesmo só ele sentia, pois ela era destemida. O maior problema eram os horários em que ocorriam estes passeios. Como o dia era todo ocupado, a noite era o que restava. Combinava um determinado horário, que sempre era prorrogado.

Próximo da casa existia um estacionamento de caminhões tanques, onde os motoristas aguardavam a chamada para carga na Petrobrás. Este era o lugar preferido para as pedaladas dela. O escuro era o que acompanhava eles.

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