Sábado foi daqueles dias que começam santos e terminam pecaminosos.
De manhã, catequese na Comunidade São João Bosco. Tema do dia: o Rosário — assunto que, convenhamos, exige fé até para entender. Descobri que quando a gente fala “terço”, na verdade está encurtando o expediente: o certo seria um terço do Rosário inteiro, com cento e cinquenta Ave-Marias. Cento e cinquenta! É quase uma maratona espiritual. A explicação é bonita, há uma ligação entre os 150 Salmos e o Rosário, mas confesso que, na prática, sabia que era terço.
Depois fomos às ruas do Saionára distribuir panfletos da festa da Padroeira. Uma experiência evangelizadora e aeróbica: duas ruelas faltavam, mas a sensação era de que eram cinquenta. Pelo menos o Espírito Santo deve ter contado como atividade física.
Em casa, missão número dois: preparar o cardápio da semana. Fui à feira orgânica comprar carnes e folhas — o que já é uma contradição, mas sigo acreditando. A moça da horta, simpática, me deu folhas de menta de brinde. Ultimamente tenho essa mania de saborizar a água com chás. Já tentei de tudo: preto, camomila, canela, folha de louro… e agora menta. Ela prometeu me arrumar burrito. Eu, ingenuamente, achei que era mexicano. Descobri depois que é planta.
À tarde, hora de buscar minha filha no judô — o esporte em que você torce para ela vencer, mas discretamente, porque o adversário tem pai.
E à noite, veio o pecado da gula: aniversário do meu sobrinho no Gastão Grill, rodízio de pizza. Há muito tempo não ia. E percebi uma coisa: os pedaços encolheram. Talvez para que o cliente pense que comeu pouco e peça mais. Estratégia genial. Reencontrei minha antiga paixão, a pizza Califórnia — aquela mistura tropical de queijo com pêssego, cereja e nostalgia.
Para fechar, bolo de chocolate com morango e creme branco, saído da minha confeitaria. Sim, fiz o bolo. Pelo menos o pecado foi caseiro. Entre uma fatia e outra, atualizamos os assuntos de família — aqueles que se podem comentar. Os outros, a gente finge que não existem, até o próximo sábado.