Não beba em serviço
Da Série “As cagadas que eu fiz”
A festa seria na Associação dos advogados, na Vila Rosa Pires, ao lado do Itanhangá Park. Eu Cheguei cedo, log às 14. Trouxe copos, talheres, pratos, toalhas e outros acessórios. Iria, junto com o pessoal contratado para montar o ambiente da festa.
Fizemos o que deveríamos ter feito e para descontrair, resolvemos abrir uma Kaiser. Pois é, aquela cerveja que “da dor de cabeça”. Nas festas por nós contratadas sempre tinha Kaiser. Era uma exigência da Coca-Cola, a dona da Cordil. Se quiser Coca tem que levar Kaiser, era a tal compra casada. O intuito era desovar aquela porcaria. Os convidados às vezes faziam vaquinha para comprar outra marca, quando não traziam de casa em um isopor. Outro problema para o dono da festa era o preço. A kaiser era melhor porque correspondia a 10% do gasto com outras. Preço e qualidade nunca andaram de mãos dadas.
As mesas dos convidados ainda eram servidas com garrafinhas KS. Dava muito trabalho transportar as bebidas, nas idas e nas voltas. As distribuidoras de bebidas só liberavam a entrega depois de deixar um cheque caução no valor do vasilhame. Ambientalmente era o mais correto, não ficavam resíduos, e ninguém metia o bico sobre preservação ambiental. Hoje o que se vê é um monte de garrafas PET´s jogada no lixo. Além do mais a bebida era servida e consumida com parcimônia, diferente do que se vê hoje, serve-se “Vovoki-Cola” à vontade.
Mas como eu estava dizendo, tomamos uma rodada e ficamos animados para as próximas. Eu me excedi e fiquei bêbado. Dormi no serviço, no banheiro, social, que era o único do lugar. Fiquei quieto até acordar. Achei um chuveiro e achei que se tomasse uma ducha melhoraria o pileque, mas não tinha toalha. Os convidados entravam e saiam do banheiro e eu lá escondido em um dos boxes. De vez em quando alguém ia por lá para me perguntar se estava bem. Levavam água mineral, da festa, para ver se melhorava.
Não vi quando o resto do pessoal chegou com a comida, o bolo e os docinhos. Acordei com o barulho das conversas das mesas. Achei que devia sair daquele lugar. Tomar um ar, dar uma caminhada, sei lá, o serviço não tinha nem chegado na metade, ainda restava a operação rescaldo e eu tinha que me recuperar. De supetão dei uma arrancada, atravessei o salão, cheguei na varanda e mirei a escada do estreito portão, o único acesso ao recinto. Tive que pedir licença a uns incrédulos convidados e ganhei a calçada, para meu alívio, senti o ar desofegante. Encostei-me no Belina amarela, onde transportávamos os materiais da festa e fiquei quieto. Dali a pouco apareceu meu irmão, abriu a porta e retornou ao clube. Ninguém quis saber se eu estava bem.
Dentro da Belina, abaixei o banco dianteiro, o do passageiro e dormi mais um pouco. Acordei em casa, onde depois de descarregarem a primeira viagem, me acordaram para descer. Em casa, deitei-me e dormi até o outro dia, ou até amanhecer, pois não me lembro que horas havíamos chegado.
Nunca falei com minha mãe, a dona do Buffet, sobre o papelão. O buffet ficou conhecido como o da Dona que tem os filhos que tem problemas com bebidas. Fiquei sabendo quando ouvi uma freguesa da minha mãe foi em casa para contratar um serviço. Para recuperar o trabalho minha mãe adotou algumas medidas, como torná-lo mais em conta, atender a todos… não demorou vieram os canos.