(Des)Mascarado
De cara limpa ele afrontava, não precisava de máscara, não tinha nada a esconder, sempre se mostrou assim e queria ser reconhecido assim. Como componente de uma escaramuça e mascarado, ficou para trás. Teria todos os poderes. Ele era o poder e afrontava a realidade. Fizeram recomendações, mas à frente das câmeras a chance de aparecer, de dizer quem realmente é, e de contagiar o eleitorado, lhe daria o pico. Contrariando a todos ele seguia ao encontro dos correligionários, seriam os últimos? Algumas vezes estivera com o acessório, mas lhe incomodava se parecer comum, de ser igual, ordinário. Não haveria perigo e ele lavou as mãos. Seus atos individuais corresponderiam aos do coletivo. A aglomeração também queria mostrar a cara, dizer ao que veio. Uma conspiração ocultada nas sepulturas. Não eram verdadeiras as aflições pelas perdas. Estavam longe. Abraçar, apertar as mãos e soar nariz passaram de gestos de afetos para nocivos. O inimigo estava em todo lugar, só não via quem não quisesse. Quis ele entrar para essa história, sem final feliz. Se adoecesse seria um respirador a menos. Arrependei-vos e credes!