SALVE O CORINTHIANS.
O padre achava que a assiduidade dos fiéis não estava tão boa. A dias não apareciam aniversariantes para a benção no final nas celebrações, nem visitantes. Ao contrário daquele dia em que a monotonia fora quebrada. O templo de portas abertas receberia a todos que buscavam a graça.
Seria uma voz nova no coro dos fiéis, perceptível pela desentoação e pelo descompasso. O alguém, denominado visitante, se aproxima do altar e recebe uma benção especial e a determinação para que se assentasse junto aos outros seguidores. Com uma negativa e um resmungo, permaneceu ereto, ali permanecendo por durante o transcorrer da celebração.
Vieram os cantos, as leituras, as orações e as tentativas frustradas do ilustre visitante em atravessar a cerimônia com suas rezas resmungadas.
O padre, diante das manifestações irritadas dos demais fiéis, assinalava com as mãos um pedido de calma e parcimônia. Dizia em oportunidades diversas que o templo está aberto para acolher filhos pródigos, alguém que está perdido e encontrou o caminho. Citou até as sagradas escrituras.
Em um momento cabido, o celebrante se rendeu em atenção aos resmungos daquele que para muitos não passava de um embriago. E ele não se fez de rogado. Perguntou ao honrado sacerdote qual era o melhor time do Brasil? De pronto este lhe respondeu que era o Corinthians, graças a deus!
O ébrio se conteve, apesar de ter sido tomado de uma tremenda emoção, e não soltou aquele grito de Timão eô, timão eô! O templo em que se encontrava era outro e não o Itequerão. São Jorge Guerreiro nem em imagem, só São Francisco Sales, o doutor da Igreja e não Sócrates o doutor com as bolas no pé.
A celebração transcorria, chegando ao ato consagratório. No momento da elevação do cálice, consubstanciando o sangue do senhor, que oxigenará a igreja, o padre foi imitado pelo visitante em um visível convite ao brinde. Saúde!
Entre os “felizes os convidados”, não ficou de fora o corintiano fiel.
Os Ministros Extraordinários da Eucaristia se mostraram resistentes. Como poderiam ministrar a santa comunhão a uma pessoa desprovida de condições psicológicas e sociais, que o capacitasse para exercer e responder por suas ações coerentemente, ou seja, bêbada, receber a hóstia sagrada? Perguntara seu Raoul, o extraordinário do dia, aplicando os conhecimentos da linguagem dos sinais, aprendido com as Irmãs Franciscanas. De pronto o celebrante autorizou, via sinais, que o ministro conferisse o sacramento. Ele não poderia alegar uma negativa a alguém visivelmente de “cara cheia” e ministrá-la a um aparentemente sóbrio. Não trataria ninguém com diferença. Ainda não é pecado o consumo. E que conflito ele teria que enfrentar contra a nação fiel, ao ser acusado te ato discriminatório?
O fiel comungou, se dirigiu ao genuflexório, e lá, fez suas orações. Do seu monólogo com o senhor pode-se ouviu:
– Amanhã o Fluzão vem com tudo!
Então ele se emocionou e até chorou.
– Piedade Senhor! Salve o Corinthians.
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