Outro dia, por extrema necessidade, tive que trazer minha filha Laura, 10 anos, para cumprir o expediente vespertino comigo. É claro que depois de barganhar um monte de coisas a começar pelas…bem deixa para lá, devo me ater a falar das mulheres que tive e tenho como chefe e propositadamente citei a mais nova delas. Acho que elas sempre me comandaram(ão). Durante o expediente apresentei-a à minha chefe. Isso mesmo: minha chefe! Teria ela, minha filha, exclamado, espantando-se com a peculiar circunstância: O senhor tem uma chefe!
Em momento oportuno lhe disse que a Liliane era uma das minhas chefes, já tive outras, e eu acho que, nesta minha vida escolar, sempre tive uma. Não quero depreciar a figura masculina, mas o perfil feminino sempre me pareceu mais adequado, quando se trata de relações com pessoas. Nada de dureza, apenas sutileza. Depois deste relato… acho que minha filha passou a me admirar mais, pois, até onde eu saiba, ela não havia tido contado com pessoas que mantinham tais relações de subordinação.
A primeira chefe que tive contato dentro desta instituição foi a Rejane. Seguirei citando nomes e se alguém ficar de fora, me desculpe. Torço para que eu tenha outra oportunidade de expressar minha gratidão. Sempre estive aberto a repensar meus conceitos e minhas impressões. Para começar a Rejane era chefe de subseção, o que a meu ver diminuía um pouco a sua relação de chefia comigo, acho que ela sempre quis transparecer o mesmo nivelamento, mas às vezes a força do regulamento a impedia de continuar nesta insistência. Sempre mantivemos a boa relação profissional e pessoal, mesmo quando trabalhávamos em seções diferentes e eu tinha outra chefe(!). O que me identificava com ela era o porto seguro procurado, me lembro que ela foi a primeira pessoa do colégio para quem divulguei o resultado de minha biópsia, antes de dar entrada à licença médica, em virtude de uma cirurgia, que me afastou por sessenta dias. Lembro-me de suas lágrimas neste encontro (por favor, em off!). Ela se prontificou, por força de sua hiperatividade, a me substituir, mesmo estando em outra função, ou designar alguém para tal, para que eu ficasse tranquilo durante o meu processo de recuperação. Se eu me detiver relatando os feitos desta chefia, com certeza, me estenderia por muitas páginas.
Tive como rememoráveis uma Neiva, uma Lúcia Fernandes, uma Beatriz e, como disse anteriormente, a melhor memória é a afetiva. Da Neiva me lembro da sutileza e o fino trato com os “subordinados”. De Lúcia a franqueza, a abertura e a sinceridade, não gostou? Adoce! Mas nada que afetasse nossas relações, pois a nossa química funcionava. A insistência e determinação de Beatriz pelo cumprimento de meus prazos e de suas colaborações para tal feito. Todas, de alguma forma, moldaram o meu modo de ser na adequação do ambiente. Difícil negar a influência.
Quando vim para o Atendimento Educacional Especializado, lugar em que tive que dar um giro de cento e oitenta graus na minha trajetória, contei com o apoio da Liliane, a contemplada pela admiração de minha filha, e até tive a oportunidade de lhe dizer sobre tal acontecimento e que ela, assim como as demais, por mais imperceptível que possa transparecer, também influenciará a vida de outras meninas, filhas de pais que tiveram, têm ou terão chefes, independentes do gênero.
“CMCG – 30 Anos – 2023”