Bem no Dia das Mães estava eu ouvindo a rádio e, no programa sintonizado, o entrevistado falava de um dos seus livros. Um que ele escrevera e que se intitula: Os diálogos que não tive com minha mãe. Relatava as dificuldades pelo qual passou com a perda consecutiva da mãe e do pai, este por consequência do consumo de álcool, ela eu não fiquei sabendo. Além dele mais pessoas também sofreram.
Foi uma boa oportunidade para também pensar sobre os diálogos que não tive com minha mão, Dona Aloína. Apesar de ser uma pessoa bem acessível, para mim, acho que não tive coragem suficiente para adentrar assuntos proibidos, partindo-se do ponto em que ela era muito religiosa e que para alguns assuntos condenaria minhas posturas.
Depois fiquei a pensar: que assunto eu não tratei e não trataria com ela. Se eu me limitar a minha pessoa… a personalidade das minhas namoradas seria uma delas, quem sabe? Eu acho que ela reprovaria todas, mas como nunca tocamos no assunto, ela aceitou a todas, até que uma entrou para a família.
Certa vez ela plantou uma fagulha, querendo saber aonde íamos e o que fazíamos, quando nos encontrávamos, nos dias em que dizia que iria encontrar a fulana da vez. Pelos meus relatos, ela bem sabia da verdade, mas se satisfazia com a desculpa esfarrapada. Às vezes ela preferia que saíssemos para namorar, para evitar “barulhos” na sala onde assistíamos TV.
E sobre a minha carreira profissional? Acho que pelo êxito atingido ela não teceria nenhum comentário. Se me fosse permitido eu falaria que estivera em uma escola Católica para deixar um currículo e que a pessoa que recebeu, em mãos, era sua conhecida. Como não fomos apresentados e eu não havia levado nenhuma carta de recomendações, o currículo deve ter sido engavetado e posteriormente enviado para a lixeira, nem para a reciclagem foi, tamanho foi o descaso. Confesso que em uma outra oportunidade a mesma coordenadora pedagógica esteve em nossa casa. E furtivamente nos encontramos. Ela fazia parte do mesmo movimento da igreja que minha mãe participava, mas eu já não estava distribuindo currículos, naquela ocasião.
– Minha mãe, esta senhora que esteve aqui, trabalhava na escola tal. Entreguei meu currículo em suas mãos, mas deixa para lá já estou empregado mesmo.
– Quem sabe em outra oportunidade, teria dito, minha mãe. Ela é uma pessoa muito ocupada, deve receber milhares de currículos todos os dias. Se você tivesse me avisado que iria levar para ela eu teria dado um alô e quem sabe ela não te daria uma chance. A vida funciona assim, as escolhas são feitas sob recomendações.
– Pois é, né mãe.
Devo me confessar que no lugar onde me encontro hoje, fui com a cara e a coragem. Me gabaritei para o cargo e estou lá até hoje. Feliz Dia das Mães!