Mantenha-se vigilante

Minha saga de monitoramento tem-se mantido em vigilância constante. Depois da cirurgia de prostatectomia radical, realizei a cada três meses o exame de PSA. Desde o primeiro, após a cirurgia, em abril de 2019. Segundo o urologista os valores cresceriam até um determinado valor e se estabilizariam, mas não foi isto que aconteceu. Tive uma recidiva pós-cirúrgica.

A cirurgia ocorreu dentro do esperado. Tive alta hospitalar, conforme previsão, em cinco dias, três dias em UTI e dois, digo um e meio pois fui para casa ao meio-dia do quinto, na enfermaria, que era reservada para dois, mas naqueles dias estive sozinho. Recebi visitas dentro do horário programado. Para minha distração tive a TV e a janela com vista para a rua, além do barulho de uma cidade em movimento. Tive também o olhar atento do pessoal da enfermagem e da manutenção. Marcou-me muito a visita da capelania hospitalar, fiquei muito grato pelo serviço prestado, ainda pretendo reencontrá-los e se Deus quiser fora do ambiente hospitalar. Outra coisa que me aconteceu foi saber que os primeiros dentes de minha filha caíram durante minha internação, fui recebido com um sorriso marcante.

Foram três anos de monitoramento trimestral, antes da cirurgia fazia a cada seis meses, e como os valores não se estabilizaram o urologista me encaminhou para o oncologista e este para o radiologista. O oncologista solicitou uma cintilografia óssea convencional para pesquisar metástase de câncer como o de próstata, que não detectou (ou os níveis estavam muito baixos), e uma RMN do abdômen total, que foi feito em duas partes, uma superior e outra inferior. De posse dos resultados, depois de analisá-los, ele me encaminhou para o radiologista.

O radiologista, de posse da carta de encaminhamento e outros exames, me solicitou uma tomografia computadorizada. Segundo informações, a eficácia do serviço de radiologia evoluiu bastante em relação ao direcionamento da radiação, resultando na amenização dos efeitos colaterais. Depois que fiz o exame, aguardei o agendamento para início da radioterapia que ocorreu após uma semana. Iria realizar o tratamento todos os dias (com hora marcada), de segunda a sexta-feira, com intervalo nos fins de semana e feriados. No total foram 33 sessões. Tive uma experiência fascinante. Fui bombardeado por radiações, na região da próstata, que visavam destruir células cancerosas, mas que também afetariam tecidos sadios, conforme me adiantou o médico. Tive recomendação para me afastar do trabalho.

A atendimento na clínica foi ótimo. O pessoal é muito atencioso. Sempre me trataram pelo nome, até descobrirem que eu era um professor, daí para frente… Fui sensível ao tratamento. A aplicação é indolor. Ficava na sala sozinho ouvindo o barulho do movimento dos equipamentos e feixes de luzes. Acho que as lembranças permaneceram por um bom tempo. Me fez lembrar do filme “Robocop”. Os raios afetaram a região da minha bacia. Como efeito colateral primeiro apareceu uma assadura na virilha que tive que conviver até depois das sessões a base de muito Hipoglós, além de sangramento intestinal e amolecimento das fezes. O sangramento cessou, mas a quase diarreia continua, piorou a emergência evacuativa, ou seja, a mensagem chega em cima da hora. Também tive dores na barriga controlada com Novalgina. Quinze dias depois do início do tratamento passei por consulta médica onde relatei os sintomas. Tomei uma injeção de Diprospan para aliviar os sintomas. Cheguei ao final com na crença de que tudo valeria a pena.

Após o período de tratamento retornei ao oncologista. Ficaria afastado do trabalho até que os efeitos diminuíssem. Depois de um mês refiz o PSA. Para minha satisfação e alívio o tratamento foi um êxito, segundo o oncologista. Sucesso e gratidão.

Retornarei ao médico em três meses. Por enquanto sem nenhuma medicação, só aguardando a realização de outros exames.

Quando se fala em cura de Câncer, se fala em monitoramento e diagnóstico precoce. Aprendi que não se tem Câncer mas se convive com ele sem saber ou passa-se a conviver ciente disso através do diagnóstico.

Se cuida!

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