Se procurássemos mais atenciosamente encontraríamos semelhanças nas obras de Manoel de Barros e Bispo do Rosário e na atuação dos profissionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Seria necessário olhar atentamente para o chão e possuir um olhar voltado para um “coisário de nadezas”. Buscar a certezas das imperfeições, segundo alguns critérios aleatórios. Reunir e implicar em potencializá-las para novas possibilidades de uso e atuação. Buscar ressignificação para coisas por meio da construção de imagens que perturbam a lógica. Cada “artista” em sua área, com sua arte na mão.

Manoel usa a natureza na poesia. Natureza de sentido amplo. Engana-se quem a materializa em um lugar intocado, livre da ação humana. Poesia limpa não antropológica. Sua matéria é respeitada em sua natureza, abandonados, insignificantes aos olhos civilizados. As práticas anormais o inspiram e despertam o gosto pelo desprezível.

Bispo do Rosário fez com restos, sua arte. Utilizava lixos e matérias sem prestígio para a construção estética delas, que mais tarde, foram considerados obras de arte. Feitos de Materiais não convencionais para obter um efeito insólito e romper com as técnicas tradicionais.

A atuação dos profissionais do AEE está voltada na política da inclusão. Atua para reduzir as inadequações dos espaços físicos, na melhoria do preparo dos professores, na diminuição da rejeição da comunidade em geral. Informa os pais, as crianças em idade escolar e jovens com necessidades especiais e que sofrem com suas limitações. São vítimas da indiferença e do descaso, pois as limitações são resultadas de interações sociais. Existem por falta de empenho social para buscar meios de mitigá-las.

Desaproveitar novos sentidos para palavras, descartar matérias reutilizáveis e excluir pessoas atípicas, guardam entre si a facilidade no tratamento. Desperdiça-se oportunidades. Despreza-se por achar que as aceitações não se adequam.