A quinta-feira começou mais tarde. A partir de hoje não precisarei me adiantar para acordar as crianças, elas estarão em férias. Me disseram que não sairiam da cama antes do meio-dia. Devo ter ganho uma meia-horinha a mais.
O ano todo foi assim: me levantava passava o café, arrumava o lanchinho das crianças, batia na porta de cada quarto, avisava que estava na hora e partia para me arrumar. Quando não levava eles para a escola, rumava para o Colégio. Sempre me atrapalhei com o horário, acho que deveria respeitar mais o tempo de cada um, só que acho eles muito, mais muito lentos. Somando-se a isso as condições do trânsito e do tempo chuvoso, atrasos deveriam ser evitados se o trajeto percorrido em 10 minutos pudesse ser programado por pelo menos uma hora. Devido a isto a expectativa pelas férias só se faziam aumentar.
O percurso foi reduzido ao “de casa para o trabalho e vice-versa”, sem pressa, com tempo e sem o pé afundado no acelerador. Deu até para esperar a travessia de um bando de quatis, na Zé Barbosa, sem desespero, sentindo até uma sensação contemplativa. Como é bela a natureza! Segundo os moradores da região a população de quatis está diminuindo, assim como o tempo de travessia do bando, mas juro que nunca torci por este tempo menor, ainda mais agora que as crianças estão em férias. Chegaria na hora e ainda teria sentido aquela sensação bucólica.
As crianças disseram que maratonariam nas séries da Netflix o dia todo e não deu outra, quando retornei eles estavam esticados no sofá. Disseram que iriam ver todos os episódios de todas as temporadas de “Modern Family”. Torço para que encontrem outras atividades e que não passem as férias imobilizados na frente do TV.
Minha sensação é muito parecida com um alívio. Espero que ela dure tempo suficiente de me recompor. Esta sensação será ampliada quando minhas férias também chegarem. Será que poderei maratonar também pela “Modern Family”? E os quatis transitarão em bandos cada vez menores?