A primeira Barba

Hoje dei de presente a meu filho um barbeador e de quebra uma aula de como se fazer barba. Eu ao seu lado, com o rosto ensaboado lhe dando dicas de uma barba perfeita. Tomara que ele se lembre de metade dos conselhos.

Ele acompanhava a mãe nas seções e depilações. Também a acompanhou na última consulta à dermatologista. Ela disse que a barba poderia ser retirada com barbeador, sem problemas. Ele havia ganho um barbeador elétrico e estava disposto a utilizá-lo para se barbear. Antes ele só usava para aparar os pelos das axilas e sobrancelhas. O problema do aparelho é que ele demora para carregar e descarrega muito rápido.

Resolvi presenteá-lo com um “Fusion” da Gillete. É a marca do aparelho que compartilho com a patroa. Sempre fui ligado nos modelos novos que a Gillete apresenta no mercado. Lembro-me da divulgação feita do “Sensor” feita pela Adriana Galisteu, reproduzindo uma cena icônica em que Hana Haper se depilava esticada no sofá. As duas são loiras, mas a Galisteu dava de dez.

Até me convencer de usar um bom aparelho de barbear peregrinei pelos Prestobarbas da vida. Faço, desde sempre, barba todos os dias. A primeira vez retirei um bife do nariz, com um daqueles aparelhos que utilizavam lâminas afiadíssimas, evolução das navalhas. O aparelho era de meu pai. Eu o via defronte ao espelho a se barbear e não via a hora de poder fazer igual e não foi à toa que me acidentei na primeira vez.

Já usei aparelho elétrico, mas sempre achei antigênico. Usei no tempo que era moda, acho que hoje não se usa mais, não com tanta intensidade. Todo filme que assistíamos tinha alguém se barbeando com um.

Uma vez assisti um filme, no cinema, que contava história de um pai, com diagnóstico de câncer letal, que gravou vídeos com lições para o filho, que estava na barriga da sua esposa. Uma destas lições ele ensinava o filho a se barbear. Quando estava instruindo meu filho, lembrei-me desta passagem. Tive câncer e estou me monitorando, por via das dúvidas já passei a lição.

Em minhas instruções, recomendei ao meu filho que lavasse o rosto com água e sabão, que aplicasse o creme de barbear com o pincel, que deixasse de molho o aparelho para dissolver a tira do lubrificante, e que insistisse em se barbear até ficar convicto daquele ato, se não seria melhor deixar a barba crescer ou ir à uma barbearia. Disse-lhe também que existem quatro sentidos para se movimentar o barbeador: de cima para baixo e vice-versa e da direita para a esquerda e vice versa, mas ele deveria escolher apenas um deles e repeti-lo sempre. O crescimento dos pelos acompanharia o corte. Disse-lhe que eu faço de cima para baixo, pois faço todos os dias. No dia em que ele tiver que passar por uma seção de fotografias, de alta resolução, execute os quatro sentidos.

A primeira barba me pareceu bem feita. Disse-lhe que sempre é possível melhorar. Disse também para ter cuidado com o aparelho, pois trata-se de um instrumento cortante. Acho que consegui passar a lição.

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