O Dia do Professor só é comemorado pelos próprios ou pelos alunos, se tiver feriado. Naquele ano seria diferente, iriamos à ACP campo comemorar em plena terça-feira.
Minha comadre arrumou tudo. Os convites estavam com ela, só precisava levar o que fosse beber. Este detalhe veio às 10 horas em um tempo em que não havia conveniências espalhadas a rodo como hoje no Eliane. Tive que passar no Legal e comprar umas latinhas, quentes. Um detalhe: não precisava de gelo! Lá tem freezer comunitário. Que ótimo, economia de isopor e gelo.
Dá para levar rede? Só se chegar cedo! Esquece! Já são quase onze. O almoço será servido ao meio-dia.
Ao chegarmos por lá fui logo arrumar um lugar no freezer coletivo, que não tinha nenhum controle de entrada nem de saída. Cristal e Haineken se intercambiavam. Como estava com muita vontade de matar a sede não tive paciência para esperar gelar aquelas latinhas de Skol. A primeira desceu fervendo, e rápida, não daria tempo para gelar a segunda, e assim sucessivamente.
Enquanto isso, tive oportunidade de encontrar uma ex-aluna, que também era professora. Ela era filha de outra professora, que também estava usando o freezer coletivo.
Cerveja quente não presta, principalmente se misturar as marcas. A coisa subiu. O mundo começou a girar e as vozes começaram a sumir. Mirei o rumo de onde estava o carro. Segui.
No carro torci para o mundo não girar mais, tão rápido. Lembrei-me que minha casa não ficava muito longe, desde que eu atravessasse a “cabriteira”, mas como encontrá-la? Não avisei ninguém.
Segui meu intuito e sem muto ter que procurar encontrei o final da pista do Aeroporto. Logo vi uns eucaliptos e a estrada de terra. Dali até o Serradinho seria um pulinho. Só haveria um problema, em minha alcoolimetria: encontrar um guarda e atravessar a Duque no trevo, o resto seria fácil, e não deu outra. Cheguei em casa e consegui achar a cama.
Pouco depois o telefone, o fixo, toca. Dona Rose atende e fala -Está aqui! Não! Deitado!
Nem almocei na ACP. Não pude conversar com a Ex-aluna, nem com a mãe dela. A patroa ficou com as crianças. Eu fiquei largado, esperando o fogo passar.