Novembro Azul
Aloízio de Oliveira
Como só se envelhece envelhecendo, chega-se aos “entas” da vida, depois de usufruir dos dez anos de “intas”. Para ele seria um motivo a mais de satisfação não fosse a obrigatoriedade de se começar as visitas ao famigerado urologista. Que dura realidade, se é que existe outro adjetivo para tal. “- O diagnóstico precoce aumentam as chances de cura em mais de 99,99% dos casos diagnosticados”, disse sua incentivadora patroa, prognosticada viúva em caso de uma recusa.
Não seria por falta de assistência médica, pois o dito cujo era até dependente da digníssima no Plano. Sendo assim, bastava um telefonema para agendar a “visita ao ilustre”. “- É sua primeira vez?” perguntou o dr. Juliano(fictício), um jovem médico que demonstrava ter próximo da metade de sua idade. Seja lá o que o doutor queria lhe perguntar, mas sem titubear foi logo se adiantando: “- Sim!”. Naquela idade além da consulta ao urologista, ainda não estreara em muitas outras coisas, e para uma pergunta tão aberta, “sim” bastava. Depois de responder aquela bateria de perguntas, uma lista de exames foi exigida pelo doutor e numa daquelas guias a dura realidade, como já lhe haviam avisado: “- O cara vai te oh!” (Se precisar anexo desenho!) a única recomendação era para prestar atenção nas duas mão do examinador, o resto a vaselina facilitaria.
Com as guias em mãos e ansioso para o acontecimento dirigiu-se ao laboratório para as devidas recomendações: “- Jejum de dez horas, primeira urina …” e… e… o examinado achava que estava faltando uma informação essencial: “- E a vestimenta?”, mas não foi capaz de perguntar, o local não era apropriado para uma intimidade daquelas. Para a atendente seria uma simples respostas, pois o laboratório devia fazer aquilo como coisa corriqueira, mas para ele, invicto até aquela idade, seria um acontecimento, em outras ocasiões, nas próximas, até corriqueira. Teve que levar a dúvida ao jovem doutor.
“- Alô doutor! Isluiz seu paciente.”
“- Olá, o que manda?”
Agora não teria escapatória: seria perguntar ou perguntar! Qual era a dúvida mesmo? Silêncio profundo.
“- O Senhor solicitou uns exames…” (silêncio)
“- Estão todos nas guias!”
“- E o que o examinador enfia … o dedo… nooo…” esta parte ficou só ensaiada, não seria outra a pergunta, era isso mesmo. Respirou fundo e… neste momento fora assaltado pela incisiva fala do jovem doutor: “- O senhor quer saber do toque?”, “- Toque?”, então o exame tinha nome? O examinado faria, levaria ou sentiria o “Toque”, no seu caso, ele…
“- Calma sêo Isluis, segura essa ansiedade, primeiro examino o seu PSA, seu ultrassom, depois agente parte para o toque, até lá, isso demora.”
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