ESTE HALLOWEEN
Oliver Alóis
Um feriado, uma tarde, gotas de água desenhando trajetórias na vidraça e outros bons motivos para se manter a inércia. O que teria acontecido para romper esta barreira e redesenhar esta conveniência? Seria aquela reunião entre pessoas afins? Ou alguém convidando para uma boa história? Ou convidativos potes de balas sobre uma mesa posta? Acertou quem respondeu: todas e mais Edgar Allan Poe, em Pessoa.
Que história boa era aquela em que os espíritos maus ao retornarem à terra atormentariam os vivos que, em troca os ofereceriam doces palavras. Nesta tentativa de afastar a influência dos maus espíritos, os mais vivos colheriam conhecimento e convertiam bárbaros. Seus escritos seriam reunidos em um livro, mas enquanto isso, o lugar seria tomado por leituras e leituras, como em um Halloween. E os espíritos maus que se atrevessem veriam quanta qualidade sepultaram.
O lugar, numa esquina, era um sobrado onde pessoas aprendiam outras línguas. Uma escada, salas aconchegantes, cadeiras ao redor da mesa, uma janela ampla e lá fora ruas desertas escorriam a chuva fina numa tarde de finados. Relâmpagos e …
Abro a janela e, de repente, vejo tumultuosamente um nobre Corvo entrar, digno de antigos dias. Não despendeu em cortesias um minuto, um instante. Tinha o aspecto de um lord ou de uma lady. E pronto e reto movendo no ar as suas negras alas. Acima voa dos portais, trepa, no alto da porta, em um busto de Palas; Trepado fica, e nada mais. Seria este o pretexto?
Alguém trouxe Anjos, filho do carbono e do amoníaco, e ficou sozinho cantando pelos ossos do caminho a poesia de tudo que é morto.
Ninguém fez planos, pois as travessuras são muito mais prazerosas. Alguém vai enquadrar este momento e marcar um próximo. Vai considerar que o ato escrito precisa reconhecimento. Que a densidade das palavras de todos que compõem o grupo precisam de mais seriedade.
Este Halloween teve trick-and-treat, fantasias e muita leitura compartilhada.
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