ADAIR DE OLIVEIRA

ADAIR DE OLIVEIRA
Aloízio de Oliveira
Adair de Oliveira como legitima representante da segunda geração FunPaFe, classe “X na saideira”, pertence ao rol da crescente intelectualidade genética agregatória. Tia por parte materna, foi Professora de História, formada pela Fucmat. Pelo que me resta de memória, no segmento educacional foi até vice-diretora no antigo colégio Paulo VI, hoje Escola Estadual Rui Barbosa, no Bairro Santo Antônio. Em homenagem póstuma empresta seu nome a uma Escola Municipal no Bairro Piratininga. Existiu uma estreita relação dela com minha mãe, Dona Aloína de Oliveira, desde quando vieram a se reencontrar em Campo Grande, oriundas de Rio Brilhante. Minha mãe, moradora do centro da cidade, na casa de sua madrinha Clotilde Barbosa, a vó Tofia. A família de dona Guiomar de Oliveira, mudou-se para a cidade com o restante dos filhos. Viúva, dona Guiomar designou a guarda e a criação de alguns de seus filhos aos respectivos Padrinhos. Deste reencontro, as duas, passaram a frequentar a mesma escola, o Colégio Osvaldo Cruz, formaram-se em Contabilidade. Mesmo com o casamento de dona Aloína este estreito laço se manteve.
Agora, em minhas memórias, lembro-me da figura da tia Adair, dos presentes de aniversários, das reuniões em família e um pouco mais adiante, sentada em baixo do ingazeiro na casa da vó lá na Benjamin Constant. Ela, solteirona, teve namorado que a cortejava em um Landau preto encostado próximo ao Centro Espírita, vizinho daquela casa.
Nossa família já morava naquele lote antes da vinda de minha vó e de meu tio Américo (o Batuta) e família. Na casa de minha avó passou a funcionar o que a nostalgia chama de casa da professora Adair. Havia por lá uma mesa enorme onde os alunos se espalhavam sentados em suas cadeiras. Aprendi a ler e escrever nesta minha primeira sala de aula, na verdade um puxado nos fundos da casa de minha avó. Dia com chuva não tinha aula. Como morava bem próximo, era o último aluno a sair, às vezes ficava para o almoço, de inconfundível paladar. Um dia o seu copo de chá preto virou sobre meu caderno, senti que não era adoçado, procedimento adotado como dieta para fins estéticos. Rabiscava folhas com bolas, traços, barras e etc. Tinha pressa não sei do que, fazia correndo para… ter que fazer tudo novamente. Conhecia alguns dos seus alunos, eram todos moradores das proximidades. Certa vez matei aula com uma desculpa condizente e estando eu fora de sala coloquei-me a brincar pelo terreiro. O acesso a escolinha se dava por um caminho que passava bem ao lado de nossa casa e eis que naquele exato momento uma senhora reunia forças para convencer seu filho a chegar até a sala de aula da professora Adair. E o menino se esquivava e quase escapava do cerco de sua mãe. Eis que inesperadamente eu surjo e digo que hoje não haveria aula. A mãe do menino não se convenceu e seguiram o trajeto. Naquele dia, lembro-me de ter recebido um “pito” da professora.
Sua morte precoce deixou-nos um grande vazio. As circunstâncias em que ocorreu deveria ser investigado como caso de polícia. De sua formação, sempre foi temente a Deus e a seus legítimos representantes. A Irmã a qual cegamente obedeceu e que a envolveu em diversas falcatruas, veio a deixar o hábito, e escandalosamente assumir a vida terrena, imune a todos as consequências advindas de seus atos. Quando meu menino, Miguel, completou seu primeiro aninho, buscando locais para realizar a festinha encontrei-me com a digníssima. Agora fazia parte do mundo das festas. Depois disso não tive mais notícias de sua pessoa.
Depois da morte da tia Adair, reencontrei-a naquele monte de livros, revistas, enciclopédias e afins, guardados em armários e estantes na casa da vó. Estes materiais, foram posteriormente, doados por ela para a escola da qual a tia é patronesse. Estive uma vez na escola apresentando-me como seu sobrinho, onde pude ver o antigo pôster emoldurado que ficava na sala da casa da vó. Tive acesso, também, à biblioteca onde pude reencontrar o seu passado sem o devido reconhecimento.

(Visited 2 times, 1 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *