O dia de sábado eu estaria avulso. Não teria compromissos agendados. Aproveitaria para consertar o carro, que estava com a máquina de vidro da porta do motorista emperrada.
Na sexta da véspera estive na Escola Escala. Os filhos se apresentariam. Seria a primeira vez que a minha menininha tocaria bateria. O menino faria vocal acompanhando uma pianista. Desta vez iria sem a patroa, que estaria na Universidade. Para o evento levaria uma forma de chipinhas assadas. Em todos os sarais, que sempre acontecem na última sexta-feira do mês, tem bolo para comemorar o aniversário dos integrantes com datas natalícias dentro do mês presente. O evento tem, além de cantar parabéns, a finalidade de aproximar os integrantes da Escola para um bate-papo e se reunir com os amigos e companheiros de escola. Acho que a criançada ficou cansada, pois na manhã do sábado pediram dispensa da aula teórica. Coisa pouco permitida na casa de dois professores.
De agenda livre “o cara de sorte” aproveitaria para colocar em dia outros afazeres. A prioridade seria o conserto do carro, pois precisava vende-lo para angariar fundos para finalizar a casa nova. Uma auto elétrica resolveria o assunto e poderia encostar na garagem e esperar o desenrolar da venda e ir para “a galera”, dar uma respirada. De sorte ele já só te faltava os fundos.
Na hora de sair, ao fechar a porta de correr “blindex”, da parte dos fundos da casa, uma das folhas atravessou o engate da mão-amiga, quebrando-o. À primeira vista o estrago seria corriqueiro. Bastaria chegar na “Santo Amaro” que ficava na Júlio, perto da Presidente Vargas, mostrar a peça quebrada, perguntar o preço, passar o cartão no crédito e partir para a auto elétrica que o conserto do carro era mais urgente. Tudo programado é bem mais fácil, a realidade é que estraga tudo. A atendente da vidraçaria, que eu fiquei na dúvida se ela era irmã ou filha de um dos donos, porque o semblante era o mesmo, inclusive o atendimento foi muito parecido de desde quando eu me lembro de ser cliente daquela vidraçaria que sempre esteve no endereço da Júlio desde quando não havia asfalto. Começa com “então” e o resto é para dizer que o que você está procurando não tem por um monte de motivos, além de dizer que não haverá sucesso na minha procura.
Saindo dali rodei mais duas quadras acima e cheguei na Novo Milenium. Também sou cliente de lá. Falando assim parece que vivo quebrando vidraça ou neste caso, quebrando engate de mão-amiga. Fui atendido pela dona do estabelecimento, minha conhecida e pela qual fui reconhecido antes de abrir a boca. Ela deve ter se lembrado do último atendimento, em que a sua vidraçaria esteve aqui em casa para trocar, por coincidência, a porta onde quebrei o engate. O vidraceiro esteve por aqui, tirou a medida do vão da porta “blindex” que havia se esfarelado quando a dona Clarita forçou sua abertura. Na verdade, o travamento da porta havia acontecido porque o trilho estava obstruído e não estava correndo como deveria. Estas portas de vidro temperado são muito bonitas, mas sensíveis a qualquer obstrução. O problema que tive com a vidraçaria aconteceu porque o vidraceiro mediu menor o tamanho e ao fazer a instalação se deu conta do erro. Como o vão estava com um tapume a dias, solicitei que a vidraçaria desse um jeito. Eles fizeram uma gambiarra e o vão foi fechado. Serviço porco que eu não deveria ter aceitado, mas por medida de segurança foi o melhor que havia.
A dona da vidraçaria também não tinha o engate, mas se comprometeu, se por acaso eu não encontrasse em outra vidraçaria, a dar um jeito, só que a partir de terça-feira, porque segunda seria feriado. Me transpareceu que seu interesse tinha algo a ver com o passado.
Sai dali e me encaminhei para outra vidraçaria, também na Júlio, que fica próximo da Cabeça do Boi. Batata! Como sou um cara de sorte a peça estava lá me esperando. Paguei R$ 10,00, no pix. A peça foi substituída e a porta está fechando. Que sorte. A máquina do vidro da porta do carro? Continua emperrando! Naquele dia não tive sorte suficiente para encontrar uma auto elétrica e consertá-la.