Sobre a leitura do livro “Como se tornar um professor mais inclusivo em 31 inspirações.” A autora, Cláudia Lopes, é Psicóloga Escolar e Doutora em Educação, com ênfase para a inclusão escolar, há mais de 18 anos.
Conheci o trabalho de Cláudia Lopes em um vídeo no Youtube. Chamou-me atenção seu relato sobre o fato de os professores que se capacitam em inclusão, ao chegarem à escola encontrarem alunos fora dos padrões esperados, devido a ação que a inclusão já causou neles.
É um livro diferente com trinta e uma situações que dificilmente algum professor não tenha passado. Visto aos olhos da inclusão causa surpresa. Trinta e um é um calendário inspirador, com foco na desafiante tarefa de incluir todos os alunos e alunas, sem exceções.
Aprendemos com nossas desatenções e isso ela nos chama às reflexões, como a que quando se fala em trabalhar com inclusão, acha-se que se trata de uma novidade. O professor vai querer se adaptar ou continuar a fazer o mesmo, que nunca foi o mesmo. Se não der certo alguém será culpado e se não souber como fazer, a quem vai buscar salvação? Nestas horas o uso da honestidade antes de tudo é saber dizer “não sei”. Para que tipo de aluno você se formou mesmo?
Ações para se punir e oferecer oportunidade de reparação sem ser violento existem(?) Da para buscar parcerias e ensinar por imitação, sem vergonha nenhuma. Todos merecem atenção, afinal de contas eles estão ali para aprender e/ou ensinar. Uma atividade deve ser refletida em seu sentido. Se não aprende nada, o que fez o aluno na escola? Progressão continuada é diferente de aprovação automática. De aluno diferente e fora do padrão a escola está cheia. Ele veio de casa assim, na escola o universo se ampliou. Alunos sem autonomias são reflexos da ação de anos de controle, dentro e fora da escola, às vezes são rebeldes. Eles têm suas eficiências dentro de suas possibilidades, mas se não respondem o que o professor quer ouvir, há de se perguntar: Seria outra a questão respondida?
Se o professor conhece os processos cognitivos, então consegue controlá-los. Existe incentivo para oralidade? Conhece seus alunos pela voz? Eles participam ou tem oportunidade? Quantos inclusos existem na sala: trinta em cada trinta! Fala sério, você já havia pensado nisso? Cada um é único. Respeite o diálogo, às regras.
Graças ao aluno que não se encaixava na atividade, a turma agradeceu a mudança proposta por você, professor, agora até ele participa. Uma escola é, ou deveria ser, sempre aconchegante, ou deveria ser, com deficientes ou não. Compartilhe desafios. Esqueça o produto, dê importância ao caminho. As provas não refletem o processo! Tudo bem que medalha é só para os melhores. Ao aluno você propõe atividades diversificadas. Ele avança, mas não alcança os padrões. Dá para se sentir impotente!(?) Não minimize os progressos, o trabalho é seu. Ao final de mais um dia de aula, isso merece um blinde.
Inteligências múltiplas não combinam com desafios engessados. Com as possibilidades diversas ela aparecerá. Tem objetivo que está fora da competência. Diversificar a avaliação e se desesperar quando o aluno não escreve o que você quer, lê, mas não registra, é uma questão de reconhecimento. Caberia outras formas de registros, mas nos atrelamos aos papeis escritos. Com uma rotina inclusiva implementadas deve-se avaliar se ainda vale os procedimentos de que os alunos façam a mesma atividade ao mesmo tempo, do mesmo jeito, com as mesmas respostas? Um deficiente pode não querer fazer algo diferente, às vezes é bom ser igual.
As salas se organizam como espaço para a cidadania? De respeito aos espaços públicos? É um espaço coletivo? Em sala todos interagem com todos. Os deficientes estão interagindo de que forma? Ele vai sempre precisar de alguém para isso?
Se já sabemos que a musicalidade é importante, segundo os estudos neurocientíficos, e isso não é novidade, por que não se pratica? Crianças precisam brincar. Brincar é fundamental… no desenvolvimento infantil! Mas o aluno só quer saber de brincar. Pare de remar contra a maré, está na hora de levar a sério a brincadeira.
A família vai bem obrigado… será? É utópico, mas tentamos: sem família não se caminha! Os professores são pais e se esquecem da dificuldade de desligar um celular.
A sua carreira estava indo tão bem, crescendo, cheio de desafios, mas empacou quando se viu sozinho perante aquele aluno que mais ninguém quis abraçar a causa. Que sacrifício ficar empacado, mas lembre-se sem luta não se encontra outro caminho.
Quanto mais conhecemos mais admitimos que discriminamos, mas batemos no peito: quem eu? E difícil combater o que negamos, nossos preconceitos moram no fundo de nós. A escola é coletiva.
Se acha que os alunos só querem direitos e não deveres já (re)leu o ECA e a convenção sobre os diretos das pessoas com deficiências?
A muito tempo existia a necessidade de que para aprender os alunos deviam ficar presos, calados, acreditava-se, mas o movimento é fundamental. As carteiras não estão mais pregadas no chão, apesar de algumas ainda estarem. Querem controlar a bagunça ou o outro professor é que é o chato? Se ninguém mudar o ponto de vista de uma aula as ideias não irão circular.