UM NOVO JULHO
Um novo julho chegou
E o frio que esperávamos,
Deixou a seca reinar soberana.
No Cerrado, com o vento quente que sopra,
Desfolham-se os galhos, secado os capins.
Folhas secas caídas, apodrecidas nutrem o chão devastado.
São folhas que alimentam o fogo ardente de oculta autoria.
Em que ata consta quem fogo ata?
Em que cela se encontra quem selou de incerteza o futuro?
Fogo atado, fumaça formada, fuligem suspensa levada no vento.
Faísca sem rumo, se encontrar mata?(!)
Germina fogo e atiça queimada.
Na queimada não há quem resista,
Animais são tocados, em fuga se embrenham.
Imóveis, as plantas para o fundo enraízam,
Fugindo do fogo em solo destino.
A semente é guardada e quem sabe com a chuva ela brota.
Com fogo apagado as negras cinzas sedimentam.
A enraizada planta ou a raiz de toco negro restado da brasa,
Não espera mais “o vinte e seis de agosto” nem “o sete de setembro”
Pela chuva que desde muito não vem.
Vai logo brotando no lugar devastado,
E o verde da brota no negro das cinzas é em verdade o contraste entre a vida e a morte.
Crescerá mais um ano ciente do fim, quando outro julho vier.
O homem também faz a conta
Pra quando seu julho chegar.
Com a raiz que ele fixa também se defende,
Também esconde uma fuga.
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